Finalmente, no mês de abril, dei início, de uma maneira um pouco
inusitada a um íntimo projeto que envolve uma série de visitas aos museus
soteropolitanos. Tal como existe um grande número de igrejas, acontece com a
quantidade enorme de museus. Graças a Deus!
Sempre tive vontade de visitar os museus de minha cidade, mas me
limitava aos maiores como o Museu de Arte Moderna – MAM, mas depois de viajar
mais e conhecer os acervos de outros diferentes lugares, resolvi que estava na
hora de conhecer mais de minhas origens e história.
Imbuída com um espírito exploratório resolvi registrar no blog tal
empreitada a fim de tentar despertar ou plantar apenas uma sementinha de
curiosidade pela cultura soteropolitana.
O ponto de partida não poderia deixar de ser o outro. Meu querido e
amado Pelourinho, com ladeiras de pedra e sobrados coloridos onde nativos como
eu sobem e descem junto com pessoas de todo o mundo. Somente lá soube da
existência de 16 museus, dos mais diferentes possíveis. Devo
registrar que ainda existem outros espalhados pela cidade como no Corredor da
Vitória, Farol da Barra, entre outros.
Como foi num dia de sábado estava ciente que nem todos estariam abertos,
pois muitos funcionam apenas de segunda a sexta, pois isso, fiz um passeio
breve, mas bastante animado. Após um maravilhoso almoço, confesso que com um
preço um tanto turístico, mas delicioso, no Coliseu, restaurante bastante
conhecido da área, foi dado início a exploração da área.
De lá fui direto ao Memorial das Baianas, do lado da Cruz Caída e achei
lindo o espaço com estátuas vestidas de baiana nas mais variadas situações,
desde vendendo acarajé, vestida de acordo com o seu orixá e de traje de
passeio.
Lá aprendi que o acarajé é um alimento oferecido a Iansã e que seu nome
vem do ioruba akárà (bola de fogo) e jè
(comer). Daí decorreram brincadeiras de perguntar ao gringo se quer quente ou
não. Quando eles pedem quente a boca só falta pegar fogo, pois a baiana
capricha na pimenta;
Bom, empolgada com minha origem africana, lembrei
que uma amiga havia me indicado um local onde fazer torços ou os chamados
turbantes ali perto, e descobri que fica localizado em frente ao Memorial e ao
lado da Galeria Pierre Verger (fotógrafo francês que adorava a cultura baiana).
De torço na cabeça continuei meu trajeto assumindo minha negritude sem qualquer
preconceito ou vergonha quanto à origem e cultura de meus antepassados.
Ali mesmo ainda próximo a Cruz Caída há o Museu da
Misericórdia, Patrimônio Histórico Nacional, que é bem grande e foi à antiga
Santa Casa da Misericórdia com pinturas espalhadas por suas paredes de seus
benfeitores e de imagens religiosas. No salão nobre está a cadeira que foi
usada por D. Pedro II, quando visitou o local. Tem o primeiro automóvel movido
a gasolina da Bahia e o mais antigo em exposição no Brasil e ainda a roda dos
expostos, que era por onde recebiam crianças enjeitadas pela sociedade.
A Santa Casa é de origem portuguesa, na época dos
grandes descobrimentos e tem centenas espalhadas por todo o mundo, sendo metade
delas instaladas no Brasil, o mais rico e preciso país descoberto pelos lusos.
Bom, este foi o início de um projeto que engloba
uma série de visitas aos museus soteropolitanos e de mergulho a nossa cultura
que é uma verdadeira miscelânea e por isso é tão enriquecedora.
Aprender nunca é demais e fica mais gostoso quando
se divertindo.