Confeitaria Portuguesa
De Além Mar
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Mônica Andreia e Maria João |
O que de primeiro chama a atenção na confeitaria, localizada
em Lauro de Freitas, é sua decoração com azulejos portugueses na cor azul e branco, fotos da terra lusitana e ao
fundo o som marcante de Marisa, estrela do fado português. Esses detalhes, com certeza, são importantes pois deixam o ambiente agradável e acolhedor.
Os
clientes não paravam de chegar e de fartarem-se com a sugestão do mês: Bacalhau com Natas. Sem falar dos
licores e doces maravilhosos e apetitosos à mostra. Fui muito bem recebida pelas simpáticas empreendedoras. Seus nomes Maria João e Mônica Andréia, a primeira arquiteta e a segunda veterinária, que descobriram na gastronomia um ponto em comum.
Maria João e Mônica, de nacionalidade portuguesa, vieram ainda crianças para o Brasil com seus pais. No entanto, somente há cerca de dois anos, motivadas pela culinária típica portuguesa a qual estavam acostumadas em reuniões familiares, decidiram montar o negócio. “A vida da casa Portuguesa é a cozinha.” - disse Mônica.
E
assim que começamos a entrevista, eu, entre uma dentada e outra no
tão desejado, Pastel de Nata, encantava-me com a história do início e
amadurecimento da Confeitaria que hoje está mais profissional, sem
deixar de ser aconchegante. Aí vai um resumo do bate-papo bem
legal com estas promissoras empreendedoras.
Como surgiu a idéia
da confeitaria?
Após
o retorno de viagem dos pais de Portugal e observamos como os doces portugueses
estavam em alta, em especial o Pastel de Nata e esse foi o clique que faltava para enveredar
na antiga vontade de montar um negócio no ramo. Como queríamos lançar-nos no
mercado baiano com originalidade, começamos logo com uma pequena lojinha com o
pouco dinheiro que tínhamos. Hoje já bastante conhecidas estão numa loja maior e
com outra na Barra.
A
idéia é apresentar produtos de qualidade, com um diferencial. O mercado baiano
ainda não está acostumado com esse tipo de produtos diferenciado e não está
preparado para pagar a mais por esses produtos.
Mesmo diante de
uma crise econômica pela qual o Brasil se encontra, vocês estão muito bem. Como
é estar completamente fora das estatísticas?
Nós
inclusive estamos fazendo curso de gastronomia e o professor de gestão
salientou que é muito bom ainda estarmos vendendo enquanto tem gente que não está nessa crise
Estamos
vendo muita coisa fechar, bares grandes fechando. Desde que abrimos algumas
concorrências surgiram e depois fecharam. Trabalhar o Pastel de Nata é uma
persistência tão grande, tem que ser louco para trabalhar com ele. Trabalhamos
com massa artesanal e é um produto que se não vende, perde. Tem que ser
persistente, ou você com seis meses cansa e desiste.
Vocês mudaram de
local, a marca, o lay out... houve todo um estudo sobre isso?
Estudo
pessoal. (risos) A primeira marca foi há dois anos e meio através de meu blog,
pela internet com um rapaz de Minas Gerais (a frase escolhida: “ De Além Mar” e o desenho era uma caravela desenhada
em azul num azulejo português). Agora estamos com uma marca nova e muito mais
limpa e profissional. A maioria das vezes as soluções são caseiras, mas a fase
mudou, estamos ficando muito mais profissionais.
E a escolha por
Lauro de Freitas (região metropolitanda de Salvador) para começar com a loja?
Foi
simples logística, moramos em Lauro. O controle de estoque, funcionários era
mais fácil. Agora já estamos também na Barra.
Vocês começaram
como confeitaria. Já tinham em mente os pratos quentes? O restaurante?
Começamos
com pastel de nata e três ou quatro doces. Percebemos que o soteropolitano
gosta de diversidade. As pessoas sugeriam, nós testávamos e trazíamos para a
loja. Hoje temos mais de vinte doces.
As
pessoas na primeira loja que só tinha uma mesa já pediam comida. O espaço, no
entanto, era muito pequeno, tinha gente sentada na escada na frente da loja.
Começou a ter muito movimento e tivemos que mudar de loja para um lugar maior.
São vocês mesmas
que fazem todos os pratos?
Mônica
Andréia- Então... nós duas, minha mãe,
meu pai, meu filho e minha nora. No pastel de nata somente nós duas
e nossa mãe sabem. Os demais sabem finalizar, mas, a base preferimos não
divulgar.
Quais as maiores
dificuldades?
Uma
dificuldade grande encontrada quando o assunto é qualidade é quanto aos
fornecedores que em geral não são profissionais, ficamos nas mãos de dois ou
três que muitas vezes nos faltam. Os preços dos produtos também são altos e
quanto a funcionários capacitados e responsáveis que é bastante difícil de
encontrar.
E
aqui as pessoas gostam de vir também para conversar. Falar de sua estória e
ouvir estórias. Temos que dar conta disso. Tem cliente que veio aqui, comendo e
ouvindo música ficou com os olhos cheios de água (emocionados). Então não
podemos ter qualquer pessoa para atender nosso cliente.
Quais são seus
maiores clientes? E o público português?
A
maioria Lauro de Freitas. Temos clientes de Santo Antônio além do Carmo (bairro
de Salvador). O português que mora aqui,
sente saudade. Alguns vêm aqui só para tomar um café português.
Qual o prato que
mais sai?
O
doce é o Pastel de Nata. Estipulamos um prato pelo mês inteiro, assim atingimos
toda a clientela que não vem num final de semana, aparece no outro e não deixa
de provar. Tem que ser bacalhau, pois ele ainda é visto como prato tipicamente
português pelo baiano.
O nosso blog é
Inquietude Brasileira. Falamos sobre o que lhe inquieta. Dá para perceber o
quanto vocês são inquietas. O que inquieta vocês? O que motiva vocês para
manter nesse ritmo?
A
questão de sobrevivência pesa muito. Uma segurança financeira para daqui a
alguns anos. O retorno do cliente que come e diz que está muito bom. Que temos
o melhor pastel de nata. Quando chegamos às feiras já tem gente esperando por
nós. Fomos recebidas com palmas uma vez.
É
bem a coisa do artista de teatro quando é aplaudido no palco, ou o artista de
tv quando é reconhecido na rua. Sensação de que está fazendo certo.
*Se você também é um empreendedor inquieto e deseja contar sua história no Inquietude Brasileira, basta deixar um comentário ou uma mensagem em nossa página no Facebook.
Adorei a reportagem, interressante e um prazer ler as entrevistas!
ResponderExcluirObrigada Ro.
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