domingo, 17 de maio de 2015

Culinária Portuguesa, com certeza...

 Confeitaria Portuguesa
   De Além Mar

Mônica Andreia e Maria João 


O que de primeiro chama a atenção na confeitaria, localizada em Lauro de Freitas, é sua decoração com azulejos portugueses na cor azul e branco, fotos da terra lusitana e ao fundo o som marcante de Marisa, estrela do fado português. Esses detalhes, com certeza, são importantes pois deixam o ambiente agradável e acolhedor.
Os clientes não paravam de chegar e de fartarem-se com a sugestão do mês: Bacalhau com Natas. Sem falar dos licores e doces maravilhosos e apetitosos à mostra. Fui muito bem recebida pelas simpáticas empreendedoras. Seus nomes Maria João e Mônica Andréia, a primeira arquiteta e a segunda veterinária, que descobriram na gastronomia um ponto em comum.

Maria João e Mônica, de nacionalidade portuguesa, vieram ainda crianças para o Brasil com seus pais. No entanto, somente há cerca de dois anos, motivadas pela culinária típica portuguesa a qual estavam acostumadas em reuniões familiares, decidiram montar o negócio. “A vida da casa Portuguesa é a cozinha.” - disse Mônica.


E assim que começamos a entrevista, eu, entre uma dentada e outra no tão desejado, Pastel de Nata, encantava-me com a história do início e amadurecimento da Confeitaria que hoje está mais profissional, sem deixar de ser aconchegante. Aí vai um resumo do bate-papo bem legal com estas promissoras empreendedoras.



Como surgiu a idéia da confeitaria?

Após o retorno de viagem dos pais de Portugal e observamos como os doces portugueses estavam em alta, em especial o Pastel de Nata e esse foi o clique que faltava para enveredar na antiga vontade de montar um negócio no ramo. Como queríamos lançar-nos no mercado baiano com originalidade, começamos logo com uma pequena lojinha com o pouco dinheiro que tínhamos. Hoje já bastante conhecidas estão numa loja maior e com outra na Barra.

A idéia é apresentar produtos de qualidade, com um diferencial. O mercado baiano ainda não está acostumado com esse tipo de produtos diferenciado e não está preparado para pagar a mais por esses produtos.

Mesmo diante de uma crise econômica pela qual o Brasil se encontra, vocês estão muito bem. Como é estar completamente fora das estatísticas?

Nós inclusive estamos fazendo curso de gastronomia e o professor de gestão  salientou que é muito bom ainda estarmos vendendo enquanto tem gente que não está nessa crise

Estamos vendo muita coisa fechar, bares grandes fechando. Desde que abrimos algumas concorrências surgiram e depois fecharam. Trabalhar o Pastel de Nata é uma persistência tão grande, tem que ser louco para trabalhar com ele. Trabalhamos com massa artesanal e é um produto que se não vende, perde. Tem que ser persistente, ou você com seis meses cansa e desiste.

Vocês mudaram de local, a marca, o lay out... houve todo um estudo sobre isso?

Estudo pessoal. (risos) A primeira marca foi há dois anos e meio através de meu blog, pela internet com um rapaz de Minas Gerais (a frase escolhida: “ De Além Mar”  e o desenho era uma caravela desenhada em azul num azulejo português). Agora estamos com uma marca nova e muito mais limpa e profissional. A maioria das vezes as soluções são caseiras, mas a fase mudou, estamos ficando muito mais profissionais.

E a escolha por Lauro de Freitas (região metropolitanda de Salvador) para começar com a loja?

Foi simples logística, moramos em Lauro. O controle de estoque, funcionários era mais fácil. Agora já estamos também na Barra.

Vocês começaram como confeitaria. Já tinham em mente os pratos quentes? O restaurante?

Começamos com pastel de nata e três ou quatro doces. Percebemos que o soteropolitano gosta de diversidade. As pessoas sugeriam, nós testávamos e trazíamos para a loja. Hoje temos mais de vinte doces.

As pessoas na primeira loja que só tinha uma mesa já pediam comida. O espaço, no entanto, era muito pequeno, tinha gente sentada na escada na frente da loja. Começou a ter muito movimento e tivemos que mudar de loja para um lugar maior.

São vocês mesmas que fazem todos os pratos?

Mônica Andréia- Então... nós duas, minha mãe,  meu pai, meu filho e minha nora. No pastel de nata somente nós duas e nossa mãe sabem. Os demais sabem finalizar, mas, a base preferimos não divulgar.
 
Quais as maiores dificuldades?

Uma dificuldade grande encontrada quando o assunto é qualidade é quanto aos fornecedores que em geral não são profissionais, ficamos nas mãos de dois ou três que muitas vezes nos faltam. Os preços dos produtos também são altos e quanto a funcionários capacitados e responsáveis que é bastante difícil de encontrar.

E aqui as pessoas gostam de vir também para conversar. Falar de sua estória e ouvir estórias. Temos que dar conta disso. Tem cliente que veio aqui, comendo e ouvindo música ficou com os olhos cheios de água (emocionados). Então não podemos ter qualquer pessoa para atender nosso cliente.

Quais são seus maiores clientes? E o público português?

A maioria Lauro de Freitas. Temos clientes de Santo Antônio além do Carmo (bairro de Salvador).  O português que mora aqui, sente saudade. Alguns vêm aqui só para tomar um café português.

Qual o prato que mais sai?

O doce é o Pastel de Nata. Estipulamos um prato pelo mês inteiro, assim atingimos toda a clientela que não vem num final de semana, aparece no outro e não deixa de provar. Tem que ser bacalhau, pois ele ainda é visto como prato tipicamente português pelo baiano.

O nosso blog é Inquietude Brasileira. Falamos sobre o que lhe inquieta. Dá para perceber o quanto vocês são inquietas. O que inquieta vocês? O que motiva vocês para manter nesse ritmo?

A questão de sobrevivência pesa muito. Uma segurança financeira para daqui a alguns anos. O retorno do cliente que come e diz que está muito bom. Que temos o melhor pastel de nata. Quando chegamos às feiras já tem gente esperando por nós. Fomos recebidas com palmas uma vez.

É bem a coisa do artista de teatro quando é aplaudido no palco, ou o artista de tv quando é reconhecido na rua. Sensação de que está fazendo certo.

Decoração com motivos Portugueses






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